O peão Artur Buzetto Kuss, de 8 anos, vem ganhando destaque estadual em apresentações e concursos artístico-culturais voltadas à preservação da cultura gaúcha, representando o Grupo de Folclore Fogo de Chão, de Ijuí. E a grande paixão do menino é pela Chula, tradicional dança de nosso estado. Mesmo nesse ano atípico ele não parou de praticar e, inclusive, alcançou uma importante conquista. Foi campeão no Sapateio Virtual da Semana Farroupilha, concurso promovido pelo Triopacito. Neste evento, seu vídeo foi avaliado por equipe técnica do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) que o classificou para a fase semifinal. Nesta, o público teve sua participação na escolha do vencedor. Artur conquistou seus votos e foi o primeiro colocado do estado, com aproximadamente 30.500 votos.
Este resultado é fruto de um trabalho de mais de quatro anos de aprendizado. Artur iniciou seus primeiros sapateados sobre uma lança aos 5 anos, incentivado pelos peões maiores da entidade tradicionalista e pelo som da gaita e das batidas de bota. Aos poucos, aquela dança, que era apenas uma diversão, começou a ser apreciada e encarada de forma mais séria, com passos executados com maior precisão. Foi desafiado a encarar o seu primeiro Rodeio Artístico em maio de 2018, em um tablado desconhecido e sob o olhar de “chuleadores de gabarito”. Nesse evento, conquistou seu primeiro troféu, o 3º lugar.
A partir desse momento, incentivado pela premiação recebida, Artur iniciou uma trajetória mais intensa de ensaios e aprimoramento de passos para as apresentações e participações em Rodeios Artísticos. Desde lá, conquistou sete premiações, muitos amigos e seu espaço e reconhecimento como chuleador nesse meio artístico tradicionalista.
“O Artur tem imensa satisfação em mostrar ao público sua dança, que vem sendo construída e aprimorada nos ensaios junto ao seu instrutor Maicon Henrique. Até aqui, foram 4 anos de muito aprendizado, desafios e barreiras vencidas, e muita dedicação”, conta com orgulho o pai Daniel. Conforme a mãe Aline, que também acompanha de perto a evolução do menino, a chula tem agregado muito no seu crescimento como pessoa, pois, além de exigir dedicação e comprometimento nos ensaios e apresentações, é uma dança que valoriza muito o respeito mútuo, o caráter e as amizades. “Os chuleadores vão se conhecendo aos poucos e criando laços de amizade pelo fato de terem uma paixão em comum, o gosto pelo sapateio como forma de alegrar e cativar aos que assistem. A conquista de premiações é uma consequência de avaliação técnica e os aprendizados a partir dos erros são muito importantes para o crescimento e aprimoramento dessa arte”, avalia ela.
Sobre a chula – É uma dança típica da cultura do nosso Estado, até então tida como originária de Portugal, trazida pelos colonizadores e muito cultivada pelos tropeiros durante a conquista do território sul-riograndense. Dançada somente por peões, é um desafio no qual o peão gaúcho ressalta sua força e coragem ao executar passos sapateados sobre uma lança sempre na mesma sincronia, do início ao fim. Antigamente, essa dança era usada em bailes quando dois peões disputavam uma mesma prenda. Então, aquele que executasse o melhor passo e sem erros sobre a lança, ficaria com essa prenda pelo restante do baile. Assim, a chula tornou-se uma dança tradicional gaúcha, atualmente dançada e cultivada por peões de diferentes idades nos Centros de Tradições Gaúchas, Grupos de Folclore, Grupos de Arte Nativa e Centros de Cultura Nativa, além de Rodeios Artísticos e diferentes eventos de Tradição Gaúcha que comumente acontecem durante o ano no estado do RS, SC e PR. Essa dança contagia pelo seu sapateado e ritmo que o chuleador deve apresentar ao executar seus passos sobre a lança, revelando habilidades de concentração, equilíbrio e muita criatividade.